O dente do siso (terceiro molar) é motivo de dúvida para muitos pacientes e profissionais. Embora nem todos os sisos causem dor imediata, especialistas em cirurgia bucomaxilofacial enfatizam que deve haver avaliação cuidadosa. A American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons (AAOMS) recomenda que todos os terceiros molares sejam examinados por um cirurgião bucomaxilofacial na fase adulta jovem, para decidir entre a remoção preventiva ou o acompanhamento. Neste texto explicamos o que são os sisos, por que podem causar problemas mesmo sem dor e quais cuidados tomar.

O que é o dente do siso

Os sisos, ou terceiros molares, são os últimos dentes permanentes a se desenvolver na boca. Normalmente são quatro (dois na arcada superior e dois na inferior) e erupcionam entre os 15 e 25 anos. Com a evolução humana, a mandíbula ficou menor, de modo que quase sempre falta espaço. Assim, muitos sisos ficam impactados (presos no osso ou cobertos pela gengiva) e podem deslocar ou sobrepor outros dente. Quando erupcionam parcialmente, formam bolsas de gengiva que podem abrigar infecção (pericoronarite). Nesses casos, a distância e a posição dificultam a higienização, favorecendo o aparecimento de cáries e infecções locais.

Por que a extração é recomendada mesmo sem dor

Mesmo sem sintomas evidentes, um siso pode desenvolver problemas sérios. Segundo a AAOMS, “não sentir dor não significa estar livre de doença”. Muitos sisos assintomáticos abrigam cistos, inflamações crônicas ou cáries ocultas na raiz. Por isso, cirurgiões bucomaxilofaciais costumam recomendar a extração preventiva. A ADA destaca que a remoção deve ocorrer ao se identificar quaisquer alterações – por exemplo, dor, infecção gengival, cistos ou tumores ao redor do dente, dano a molar vizinho, doença periodontal ou cáries que não podem ser restauradas – ainda que o dente não esteja causando incômodo no momento. Nesse sentido, a ausência de dor não descarta riscos futuros; remover o siso em fase assintomática pode evitar transtornos posteriores.

Riscos de manter o siso na boca

Manter um siso problemático acarreta diversos riscos. Dentes impactados podem pressionar o segundo molar, danificando suas raízes ou aumentando o risco de infecções na região. Essa pressão também contribui para o apinhamento dos demais dentes. Dentro do osso, a cápsula do siso pode formar cistos cheios de líquido, que destroem o osso de suporte e comprometem as estruturas vizinhas. Além disso, sisos parcialmente irrompidos são difíceis de limpar: alimentos e bactérias ficam presos entre o siso e o molar adjacente, facilitando o aparecimento de cáries e inflamações como a pericoronarite. Em resumo, o risco de cáries, infecções repetidas, formação de cistos e danos aos dentes vizinhos reforça a indicação de extração quando qualquer um desses sinais é identificado.

Quando é o momento ideal para a extração

O melhor momento para remover um siso problemático é geralmente enquanto o paciente ainda é jovem. Em geral, recomenda-se avaliar os sisos por volta dos 17 anos: se até essa idade eles não irromperam, deve-se fazer exame clínico e radiográfico para decidir o tratamento. A AAOMS alerta que a cirurgia é mais fácil nessa fase, pois raízes pouco formadas e osso mais flexível reduzem as complicações. Em adultos mais velhos a extração costuma ser mais complexa e de recuperação mais lenta. De toda forma, se um siso já estiver causando danos (cistos, inflamações ou empurrando os demais dentes), a extração não deve ser adiada, seja o paciente jovem ou adulto.

Como é feita a cirurgia de remoção

A cirurgia de remoção do dente do siso é realizada por um cirurgião-dentista bucomaxilofacial, normalmente em consultório. O procedimento costuma ser feito sob anestesia local, garantindo que o paciente não sinta dor. O dentista faz pequenas incisões na gengiva e, se necessário, retira parte do osso que envolve o siso para liberá-lo. Em seguida, o dente é tracionado e retirado, e o local é limpo. Em muitos casos aplica-se sedação consciente (óxido nitroso) para maior conforto do paciente. Ao final, são dados pontos de sutura para imobilizar o tecido gengival e proteger o coágulo. Em casos muito complexos (siso profundamente impactado), o procedimento pode ser feito em hospital, com anestesia geral.

Cuidados no pós-operatório

O pós-operatório exige repouso e cuidados específicos. Deve-se evitar esforço físico intenso nas primeiras 24 horas e não fumar, pois isso pode agravar o sangramento. Logo após a cirurgia, recomenda-se morder delicadamente uma gaze sobre o local para controlar o sangramento inicial, sem cuspir ou enxaguar vigorosamente. A higiene oral continua importante: use escova de cerdas macias e faça movimentos suaves próximos aos dentes ao redor, evitando tocar diretamente na área operada. Nos primeiros dias, prefira alimentação leve, fria e macia. Siga sempre as instruções do cirurgião quanto a analgésicos e outros medicamentos para controlar a dor e prevenir infecções.

Conclusão

Os dentes do siso podem parecer inofensivos quando não causam dor, mas a experiência clínica e entidades de odontologia apontam que a remoção profilática costuma ser a melhor opção em muitos casos. A decisão, no entanto, deve ser sempre baseada em avaliação especializada: o cirurgião-dentista bucomaxilofacial avaliará radiografias e quadro clínico individualmente. Se houver indicação, a extração do siso evita danos aos dentes vizinhos, cistos, infecções recorrentes e outros problemas silenciosos. Dessa forma, tratar os sisos adequadamente contribui para preservar a saúde bucal geral a longo prazo.

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Referências

• Ministério da Saúde (BVS) – Dente do siso (terceiros molares).

• American Dental Association – Wisdom Teeth (MouthHealthy).

• American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons – Wisdom Teeth Management (folheto informativo).

• Mayo Clinic – Impacted wisdom teeth: Symptoms and causes.

• Portal Drauzio Varella – Extração do siso: cuidados pós-operatórios.

• FOUSP/USP (VivaBem UOL) – Dente do siso: todo mundo precisa tirar?.

• All Odontologia – Página institucional (Sobre nós).

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